Chapas enfrentam lama, risco de acidentes e até prejuízo financeiro sem apoio do poder público.
Porto Velho – Às margens do Rio Madeira, a rotina dos chamados chapas – trabalhadores que carregam e descarregam embarcações – é marcada por esforço, risco e pouca valorização. O site A Capital da Notícia esteve no local e acompanhou de perto o dia a dia desses homens que, muitas vezes, trabalham de madrugada para garantir que mercadorias e passageiros cheguem ao destino.
A realidade, porém, é dura: caso uma carga caia na água ou se quebre durante o serviço, o prejuízo recai sobre o próprio trabalhador. Sem garantias, eles “tiram da onde não têm” para pagar o dano, mesmo em condições precárias, sobretudo no período chuvoso, quando as barrancas ficam escorregadias e o risco de queda aumenta.
Outro problema grave é a falta de estrutura. A antiga plataforma de embarque do Caidágua já não existe, e até hoje não foi providenciada uma substituição. Passageiros e trabalhadores são obrigados a descer na lama, improvisando escadas com enxadas para acessar os barcos que seguem rumo a Calama, Manaus e diversas comunidades ribeirinhas.
“Não temos um porto seguro para embarcação ou desembarcação de passageiros e mercadorias. É um abandono total”, relatou um dos trabalhadores, que mesmo em dia de aniversário estava na beira do rio, carregando cargas para sustentar a família.
Os chapas reforçam o pedido de socorro às autoridades municipais, estaduais e federais. Eles cobram investimentos simples, mas essenciais, como rampas, escadarias ou um calçadão que ofereça segurança para quem trabalha e para os passageiros que utilizam diariamente o transporte fluvial.
Enquanto o poder público se mantém ausente, esses homens seguem firmes, desafiando a lama, o risco de acidente e o peso da responsabilidade, para que o Rio Madeira continue sendo um elo vital entre Porto Velho e a vida ribeirinha.
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