Oferta restrita e demanda externa aquecida sustentam alta da arroba do boi gordo; pecuaristas resistem à pressão dos frigoríficos e vendem lotes menore
O mercado do boi gordo fechou a semana em alta consistente, com a arroba alcançando R$ 320 em São Paulo, consolidando um movimento de valorização que vem se fortalecendo ao longo do mês de agosto. A combinação de oferta restrita de animais terminados e demanda firme no mercado externo, especialmente da China, sustentou o avanço dos preços e manteve a confiança do pecuarista, que optou por segurar o gado e negociar em lotes menores.
Nas últimas semanas, frigoríficos em estados como São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais tentaram forçar a queda dos preços de balcão, mas encontraram resistência. De acordo com a Agrifatto, os pecuaristas têm fracionado as vendas justamente para proteger o valor da arroba e se beneficiar do período de entressafra, quando a oferta de boiada gorda naturalmente diminui.
Competição regional por fêmeas
No Centro-Norte do Brasil, a disputa entre compradores por fêmeas terminadas tem sido intensa. Estados como Pará, Tocantins, Mato Grosso, Acre e Rondônia registraram negócios firmes e até pequenos ajustes positivos nas cotações. Essa movimentação reforça a estratégia dos produtores de esperar preços ainda mais atrativos diante da escassez de oferta.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, apesar do aumento no preço médio paulista, os frigoríficos reduziram o ritmo das compras por já contarem com escalas de abate alongadas, próximas de oito dias úteis.
Média da arroba do boi gordoSão Paulo: R$ 311,68 — ontem: R$ 311,52
Goiás: R$ 301,25 — R$ 300,71
Minas Gerais: R$ 302,94 — estável
Mato Grosso do Sul: R$ 319,09 — R$ 318,52
Mato Grosso: R$ 309,53 — R$ 309,26
Ainda assim, a exportação de carne bovina in natura segue aquecida, garantindo sustentação no mercado físico. No estado de São Paulo, a cotação bruta para o mercado interno ficou em R$ 308/@ para o boi comum, R$ 315/@ para o “boi-China”, R$ 302/@ para novilhas e R$ 282/@ para vacas.
Na B3, o mercado futuro também acompanhou o otimismo. O contrato com vencimento em outubro/25 encerrou cotado a R$ 328,10/@, representando uma alta de 1,08% em relação ao pregão anterior. Esse movimento reforça a percepção de que a arroba pode continuar valorizada nos próximos meses, sobretudo se a demanda externa mantiver o ritmo atual.
Perspectivas para o curto prazo
Analistas avaliam que a tendência de firmeza deve se manter, ao menos no curto prazo. O cenário é sustentado pela entressafra, pela baixa disponibilidade de animais terminados e pelo fôlego das exportações. Para os pecuaristas, o momento é de cautela estratégica: vender de forma gradual, aproveitar os preços em alta e resistir às pressões por queda.
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