Mesmo tendo governado o país em 1909 e criado as bases da educação técnica federal, o ex-presidente Nilo Peçanha foi apagado dos livros escolares e da memória nacional.
Matéria – Por Isaque Fernandes | A Capital da Notícia
Poucos brasileiros sabem quem foi Nilo Peçanha, o primeiro presidente negro do Brasil. Embora tenha ocupado o cargo mais alto da República em 1909, seu nome é quase inexistente nos livros escolares, nas salas de aula e até mesmo nas paredes dos prédios públicos. A Capital da Notícia foi atrás dessa história esquecida para entender: quem foi Nilo Peçanha e por que o país se esqueceu dele?
Quem foi Nilo Peçanha
Nascido em 2 de outubro de 1867, em Campos dos Goytacazes (RJ), Nilo Procópio Peçanha era filho de um pequeno comerciante. Formou-se em Direito e iniciou sua trajetória política ainda jovem, destacando-se pela inteligência e pela oratória. Foi deputado, senador e vice-presidente da República durante o governo de Afonso Pena.
Com a morte de Afonso Pena, em 1909, Nilo Peçanha assumiu a Presidência da República, tornando-se o sétimo presidente do Brasil. Seu governo durou pouco mais de um ano, mas deixou marcas profundas, principalmente na educação profissional.
As conquistas de Nilo Peçanha
Durante sua curta gestão, Nilo Peçanha criou as escolas de aprendizes artífices, que mais tarde se transformaram nos atuais Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Essa iniciativa foi pioneira ao oferecer ensino técnico gratuito a jovens de baixa renda — uma política pública que mudou a história da formação profissional no país.
Além disso, Nilo defendeu a valorização da cultura nacional, a modernização do ensino público e o desenvolvimento da indústria, ideias avançadas para o início do século XX.
Por que Nilo Peçanha foi esquecido
Mesmo com uma trajetória tão relevante, Nilo Peçanha é raramente mencionado na história do Brasil. Muitos pesquisadores apontam que o racismo estrutural foi um dos principais motivos de seu apagamento.
Filho de mãe negra e de origem humilde, Nilo Peçanha foi um homem que desafiou as elites da época, chegando ao cargo máximo da República em um país marcado pela exclusão racial.
Hoje, pouco se fala sobre ele. Não há quadros de Nilo Peçanha em repartições públicas, poucos livros contam sua história e quase nenhuma escola leva seu nome. É como se o Brasil tivesse apagado, de forma deliberada, a memória de um de seus maiores exemplos de superação e liderança.
Legado e memória
Mais de um século depois, o legado de Nilo Peçanha ainda ecoa. Suas ações na educação técnica continuam beneficiando milhões de estudantes em todo o país.
Lembrar sua história é reconhecer a importância de figuras negras que ajudaram a construir o Brasil. É também um convite para refletir sobre por que a história de Nilo Peçanha não é contada com o destaque que merece.
Conclusão
Nilo Peçanha foi muito mais do que um nome esquecido nos registros oficiais. Foi um símbolo de resistência, inteligência e igualdade, um presidente negro que governou o Brasil em tempos difíceis — e que ainda espera ser plenamente reconhecido pela nação que liderou.
Reportagem: Isaque Fernandes
Edição: Redação A Capital da Notícia

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