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OUTRA VEZ, SENADOR MARCOS ROGÉRIO?



Por Juvenil Coelho

Por mais que se tente reconsiderar os adjetivos usados para criticá-lo em nosso artigo político divulgado ontem na mídia impressa, aquele simpático texto intitulado Senador Contraditório, da Mais Alta Casa de Leis do País, ainda nos parece generoso. Chamá-lo de descompromissado com valores morais e princípios éticos talvez tenha sido até um elogio, diante do espetáculo oferecido por Vossa Excelência na sessão de ontem.


Foi no conforto do plenário do Senado, naquela tradicional reunião vespertina, que o senador Marcos Rogério, do sempre moderado PL, resolveu brilhar mais uma vez. Num embate digno de nota com a ministra Marina Silva, o senador nos presenteou com uma amostra refinada de sua conduta: arrogante, vaidosa e, claro, absolutamente desinformada. Com aquela elegância típica dos que confundem autoridade com grosseria, tentou deslegitimar a presença da ministra, uma representante do primeiro escalão do Executivo, e ainda teve a ousadia de reduzir a zero a importância dela na discussão. Cavalheirismo à moda antiga, provavelmente do século XVIII.


Mas isso não é novidade. As mulheres brasileiras, nossas mães, filhas, líderes, continuam enfrentando batalhas surreais por seus direitos, aqueles mesmos direitos que alguns senhores engravatados ainda fingem que não existem. E, claro, sempre sob o olhar vigilante de certos figurões que, em nome de uma cartilha radical e ultrapassada, acham bonito esbravejar contra tudo o que remete a progresso e civilidade.


O senador, mais uma vez, mostrou a que veio. Revelou seu talento singular para sufocar vozes, atropelar direitos e ignorar qualquer noção básica de cidadania. Uma performance memorável, dessas que envergonham até os mais fiéis eleitores, embora eles dificilmente admitam em voz alta.


Ficar calado, nesse cenário, seria uma covardia. Quem assistiu à cena no Jornal Nacional, com certeza, ficou entre o riso nervoso e o constrangimento alheio. A tentativa de humilhar uma ministra respeitada internacionalmente foi tão patética que até colegas da imprensa, que antes me advertiram sobre o tom do artigo anterior, reconheceram que, desta vez, o show de horrores ultrapassou os limites do aceitável.


E pensar que esse mesmo senador, que veio das classes médias, hoje é regiamente pago pelo erário público para, supostamente, nos representar. Mas não. Ele prefere insurgir-se contra conquistas históricas, cuspir no prato que come e fazer discursos inflamados enquanto a plateia boceja ou se envergonha em silêncio.


A Amazônia, nossa maior riqueza, não merece ser reduzida a palanque de bravateiros. Sua floresta em pé, sua fauna, seus rios, seus minérios, seu valor inestimável, tudo isso vira coadjuvante quando senadores com “cara de pau” e “cabeça de pedra” resolvem discursar como se estivessem em campanha eleitoral.


No fim das contas, o senador Marcos Rogério recebeu um tapa simbólico no topete. Um daqueles tapas educativos que, quem sabe, nem seu pai tenha lhe dado na juventude. Um gesto que, ao contrário do que ele imagina, foi mais um alerta do que uma ofensa. Porque, senador, convenhamos: é preciso muito esforço para ser, ao mesmo tempo, tão caricato e tão desinformado em pleno século XXI.


Juvenil Coelho é jornalista e articulista político, com mais de 30 anos de atuação em rádios e jornais de diversos estados brasileiros.

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